Borboletas fugitivas
Tome um café, acenda um cigarro,
ou não... melhor não acender,
pois não deseja dele ser escravo.
ou não... melhor não acender,
pois não deseja dele ser escravo.
Mas, afinal, somos todos
escravos cardíacos das estrelas,
carregando o temível escarro
de nossa própria vil desgraça.
Ó borboletas fugitivas cativantes,
por onde vocês têm pousado
que não aqui sobre o meu telhado?
Desce o amargo café em minha garganta,
marcado por seu sabor metálico,
contrastando esta alopática solidão.
Entre as sombras dos galhos, a fumaça se desfaz
junto do vazio de minha alma que não tem explicação.
Ó borboletas, mensageiras do infinito,
levem consigo nossos lamentos,
para longe deste mundo maldito.
Quando tenho o cigarro apagado, na mão trêmula,
posso ver os vorazes cupins alados
se devorando sobre a luz amarelada do poste.
Eu me vejo refletindo, refém da própria dor,
na voracidade deste triste emboste.
Ó borboletas errantes, ignorantes de nossa miséria,
bailarinas desse nosso infindo céu
que evitam pousar sobre o meu chapéu.
Levem consigo, ó borboletas, nossos pesares,
para longe deste mundo de desalentos e azares.
Que suas asas coloridas tragam um raio de luz,
para que, enfim, possamos encontrar na paz algum alento,
pois estou cansado de carregar essa cruz!
Comentários
Postar um comentário