Cadeira de balanço.
Sentado em uma velha cadeira de balanço no alto do alpendre observo a chuva alvoraçada se aproximando, ela começa se comunicando com os céus em relâmpagos, logo em seguida ela cantarola com o vento em uma harmonia única que leva consigo as folhas secas das árvores majestosas. E então ela começa com uma leve garoa que acaricia suavemente o meu rosto. O cheiro da terra molhada se mistura com o perfume das flores do jardim, criando uma fragrância fresca e agradável que aguça meus sentidos. A sinfonia da chuva se intensifica, transformando o alpendre em um refúgio aconchegante e sereno.
Enquanto continuo a balançar na cadeira, permito-me perder a noção do tempo. A chuva se torna mais intensa, transformando-se em uma tempestade, mas eu permaneço ali. É como se a tormenta lá fora fosse um eco da tempestade que ronda dentro de mim. Continuo a balançar na cadeira, sempre balançando em um movimento em vão, a sensação de balançar para frente e para trás já não me traz qualquer consolo. É como se minha vida estivesse presa em um eterno balanço, oscilando entre a tristeza e a desesperança.
A chuva já não tem mais importância, apenas serve como pano de fundo para a tempestade que realmente acontece aqui dentro, em meu peito. As árvores, outrora testemunhas silenciosas da minha existência, agora parecem murmurar segredos antigos que ecoam em meus ouvidos. O jardim, que costumava ser um refúgio de beleza e serenidade, agora é apenas um emaranhado de cores desbotadas, um espelho de minha própria desolação.
A tempestade que ronda em meu interior é tão intensa quanto a que se desenrola lá fora, e cada trovão que ressoa no céu é um eco dos tumultos que me assolam. Enquanto a chuva continua a cair e o mundo lá fora se perde na escuridão, eu permaneço na velha cadeira de balanço, esperando por um vislumbre de luz assim como a luz de um relâmpago que possa dissipar a melancolia que me consome.
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