Quando a morte chegar.
Eu partirei, e quando partir, não chorem por mim. Não derramem uma única lágrima, nem fiquem de pé diante do meu túmulo dizendo palavras banais de afeto sobre como eu era bom, ou quem sabe palavras rancorosas sobre como eu era mau.
Não se preocupem com meu epitáfio ou com minha lápide, levem um padre ou não, rezem sobre o meu caixão se assim o desejarem. E se quiserem, que dançem e cantem em volta dele. Não tenho preferências para quando já não puder ter mais preferências.
Eu não estou lá, eu nunca estive, eu não durmo nem sonho. Eu sou mil ventos uivantes que sopram ao longe, eu sou a luz do sol no grão maduro, eu sou a suave chuva de outono, sou a rápida e inquietante corrida dos pássaros, eu sou as estrelas que enfeitam o céu noturno, eu sou o sorriso de uma criança, eu sou a suave brisa que acaricia seus rostos.
Caso sintam saudades, quando sentirem, sussurem a mim e eu os ouvirei. Busquem-me no silêncio da alma, onde residem as lembranças mais genuínas e belas. Minha essência agora se funde com a vastidão do universo. A cada raio de sol, a cada gota de chuva, a cada brisa que toca suavemente a pele, lá estarei eu, imortalizado nas pequenas delicadezas que compõem a existência.
Então, não, por favor, não lamentem tristemente à beira do meu túmulo, pois eu não estou lá, eu vivo eternamente nas lembranças, em tudo o que é vivo e pulsante. E quando o tempo sussurrar minhas histórias ao vento, estarei presente, eternamente imerso na teia incompreensível da existência.
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