Espectro da inadequação.
Sou um espectro da inadequação, uma sombra que se estende pelos confins da existência. Em um mundo pintado com cores vivas, eu permaneço em tons desbotados, uma figura destoante, carente de encaixe nos padrões impostos.
Sendo um estranho entre os estranhos. Não posso me dar a luxúria da conformidade, nem a modéstia de me encaixar entre eles, os adequados. Minha essência escapa pelos vãos das normas, rebelde em seu próprio ser. Sou a essência emaranhada em palavras não ditas, nos sorrisos quebrados e nos sonhos adormecidos.
Perambulo pelas ruas sem sentido, testemunhando o vazio nos olhos daqueles que se contentam com o mundano. Mas eu sou a poesia em meio à melodia da monotonia, a dissonância que ecoa nos ouvidos daqueles que se apegam ao convencional. Enxergando o imperceptível, sentindo o cheiro das cores, mergulhando nas entrelinhas da existência.
Por vezes, sou desprezado e ignorado, um estranho aos olhos daqueles que se contentam com o óbvio. Mas em minha solidão, encontro conforto na minha própria peculiaridade. Sendo um espectro da inadequação, sou uma nota dissonante em um mundo de harmonias previsíveis.
Não há refúgio nem desaperto nessa peculiaridade, apenas a realidade crua e fria de não pertencer a lugar algum.
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