A janela fechada.
Acordei com uma enxaqueca latejante, a luz do sol invadindo meu quarto sem pedir licença. Olhei para ela e pensei em abrir, mas a ideia de enfrentar o mundo lá fora me deixou com um medo paralisante. Eu não queria me expor, não queria enfrentar o caos do lado de fora, não queria que descobrissem quem sou, não queria encarar julgamentos alheios.
A janela era um símbolo da minha covardia, da minha incapacidade de encarar a vida de frente. Eu me sentia seguro ali, trancado no meu quarto, com as cortinas fechadas e a janela trancada. Era meu ninho, a minha toca. Mas, ao mesmo tempo, me sentia enjaulado, como se estivesse me privando da liberdade que tanto almejava.
Levantei da cama e caminhei até a janela, encarei o vidro por um instante antes de fechar as cortinas novamente. O mundo lá fora parecia tão vasto, tão cheio de possibilidades e perigos. Eu preferia ficar ali, no meu mundinho seguro, mesmo que isso significasse desperdiçar a vida. Trancando-me em meus pensamentos, temendo mostrar minhas emoções, acabando sempre sozinho, vivendo na sombra do meu próprio ser.
Não queria que ninguém adentrasse na minha vida, não queria me expor ao mundo e aos seus julgamentos. Era mais fácil ficar isolado, do que correr o risco de me machucar. Olhava para o mundo lá fora, sem precisar fazer parte dele. Eu observava as pessoas passando, as nuvens se movendo, as cores mudando, mas sempre de longe, sempre protegido pelo vidro da janela.
Mas, no fundo, eu sabia que não poderia viver assim para sempre. Um dia, teria que enfrentar meus fantasmas e abrir a maldita janela, encarando o mundo de frente. A janela permanece fechada por enquanto, mas eu sei que um dia terei que abri-la e deixar a luz do sol entrar.
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