O último voo do pássaro desiludido.


O pássaro voava sem rumo, com as asas cansadas e maltratadas pelas feridas que insistiam em não cicatrizar. Era um voo sem rumo, sem prumo, sem propósito. Apenas voava, porque voar era a única coisa que sabia fazer.

Houve um tempo em que o pássaro tinha um ninho, uma família, o pássaro tinha irmãos. Mas, quem ele quer enganar, isso tudo ficou para trás, como uma lembrança dolorida e distante, uma bagagem que não se esvai. Agora, o bichinho estava só, sem amarras, sem laços que o prendessem a Terra.

Parecia que o pássaro tinha nascido apenas para voar, mas não para existir. 
Parecia que sua vida era um eterno voar sem rumo, sem norte, sem razão.

O pássaro sentia-se cansado e ao mesmo tempo sentia-se só, fatigado de viver neste mundo. Mas ao mesmo tempo, tinha medo de parar de voar, de descer e se acomodar em algum lugar. Pois sabia que, se o fizesse, talvez não conseguisse mais levantar voo. Talvez ficasse preso para sempre, inerente ao nada.

Mas o pássaro não aguentava mais voar com tanta dor e exaustão. Então, deixou-se cair. Cair em direção ao chão, em direção ao fim. Quando o pássaro tocou o solo, frio e sem vida, a natureza parecia indiferente à sua partida. 

O vento soprou sem cessar, levando consigo as folhas secas das árvores e as penas do pássaro que agora jazia inerte no chão.

Os olhos do pássaro permaneceram abertos, mas sem vida, como se contemplassem um horizonte distante e inalcançável. Seu coração, que outrora batia com tanta força, agora estava silencioso e parado. O mundo continuou a girar, indiferente à morte do pássaro solitário.

Outros pássaros voaram por cima de seu cadáver sem vida, sem saber o que havia acontecido. 

E assim, o pássaro foi esquecido pelo mundo, como se nunca tivesse existido. Ninguém notou sua queda, nem se importou com sua morte solitária. O pássaro se foi, levando consigo a tristeza e a dor de uma vida sem sentido.

Comentários

Postagens mais visitadas