Recaída.
Olha ela batendo na porta de novo com sua voz macia e envolvente, minha querida amiga depressão, que volta como uma serpente.
Ela se instala sem pedir licença, tomando conta de todo o meu ser, me deixando com o rosto tristonho, sem vontade de sorrir ou de viver. Quando eu penso que ela se foi e se dissipou ela volta de mansinho querendo provar o quanto sou sozinho em meu labirinto particular.
Tenho arrastado um cansaço amargo, parece até mesmo um tipo estranho de letargia.
Já não tenho mais o interesse em falar, andar, pensar ou até mesmo interesse em existir.
Pareço um doente acamado tirado de seu leito de morte posto a perambular pelas calçadas.
Já não sinto mais a vontade de falar, as palavras parecem ter perdido o sentido e mesmo quando tento me expressar, só consigo murmurar algo confundido.
Andar de repente se tornou uma tarefa tão árdua, meus passos são lentos, pesados como chumbo e o mundo ao meu redor se torna turvo, a medida que essa letargia toma conta do meu corpo.
Os poetas quebrados e os escritores infelizes agora têm mais um companheiro em sua triste sina, pois eu também sou parte desse grupo maldito que vive em um mundo de escuridão e ruína.
Mas talvez um dia a luz volte a brilhar e a tristeza se dissipe de fato em um abrir e fechar de olhos e nós, os poetas quebrados e os escritores infelizes, encontrem a felicidade em novos horizontes.
Quem sabe?
Comentários
Postar um comentário