Memória.

Um dia, tudo será memória
As pessoas que andam naquela rua, 
As gentis, as sábias, as más 
Todas elas ficarão para trás

O mendigo que passa sem o cão
O ginasta, a mãe, o bobo, o cético e o vilão 
A turista, que se encanta com a cidade 
Cada ser que um dia passou, fará parte do passado que ficou

Deus, Deus inclusive que outrora regia o fim das coisas memoráveis
Também será memória 
E até mesmo os pardais, que cantam ao sol 
Deixarão saudades no coração de quem os ouviu só

Os grandes esqueletos do museu britânico 
E todo sofrimento que parecia trágico 
Também serão apenas memórias 
De um tempo que não volta, que não tem mais história

Eu, sentado aqui, escrevendo estes versos que dizem haver um eu sentado aqui
Serei apenas um momento disperso
Neste mundo que um dia se foi 
E agora faz parte do passado que ficou.

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