O tempo.
O relógio bate,
insiste nesse tic-tac. Vou enlouquecendo, adoecendo e aborrecendo. Está
chovendo lá fora, o tempo parece correr devagar, de forma sinuosa e lenta.
Pareço estar envelhecendo, envelhecendo nesse mar de dor e sofrimento, tomado
pela angustia de estar vivendo.
Quero quebrar o relógio, ver o tempo parar e escutar o tic-tac cessar. Retomar minha lucidez com toda avidez. Ser jovem de novo, sentir o tempo correr ligeiro, quero finalmente sair deste cativeiro. Sentir o vento pairar sobre meu corpo por um breve momento e não sentir mais o espírito da morte que me pairava soturnamente.
O tempo não poderia ser bondoso? Deixar-me nascer de novo. Claro que não! O tempo que se foi não volta mais, estou condenado a viver o presente relembrando o passado, imaginando o pouco de futuro que me sobrou. Sigo agora os passos da multidão, entrando no jogo de sombras e rachaduras. Mas nada acontece: nenhum milagre, nenhuma grande explosão. Quero parar o tempo, mas ninguém tem forças para lutar contra ele. Devo ficar neste cativeiro relutando o som deste relógio que me enlouquece e me apetece a vontade de renascer ou talvez de fato... morrer.
Comentários
Postar um comentário