A morte.

De certa forma eu aprecio a morte, é eu aprecio sim, pode parecer estranho mas ela sempre me despertou curiosidade. Não deve ser fácil aceitar a morte, não de primeira, mas no último momento deve ser um alívio indiscutível, já que quando se está morrendo, de fato, se esvaindo da vida deve ser amedrontador, mas apenas assim podemos ver, pela primeira vez, como é fácil deixar tudo para trás. E ver, no último nanosegundo, o que você era de verdade. E ver que todo esse drama não passava de uma presunção e uma determinação tola. E que posso apenas deixar tudo para trás.

Para finalmente saber que não é preciso se segurar tão firme, para entender que toda minha vida, todo meu amor, ódio, lembranças e dor eram tudo a mesma coisa, era tudo o mesmo sonho. Um sonho que tive dentro de um quarto trancado. Um sonho sobre ser uma pessoa. E como em muitos sonhos, há sempre um monstro no fim dele.

Na eternidade onde não existe o tempo, nada pode crescer, nada pode se desenvolver, nada muda. Então, a morte criou o tempo para que as coisas pudessem crescer e para que pudessem morrer. E então você renasce, mas na mesma vida que você já viveu e onde sempre nasceu. Imagine uma flor que morre e logo após renasce no mesmo solo, no mesmo mundo, na mesma vida. Quantas vezes eu já escrevi esse texto? Quem sabe? Não sou capaz de lembrar das minhas vidas anteriores. Não sou capaz de mudar a minha existência. E esse é o terrível destino secreto de toda a vida. Estou preso nesse pesadelo no qual vivo despertando.

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