Sei exatamente.

Eu sei bem o que é querer morrer, sentir a dor de sorrir sem vontade, tentar se encaixar em um mundo que parece não ter lugar para você. É como se a gente se ferisse por fora, numa tentativa desesperada de matar o que está dentro.

Conheço a sensação de tomar um comprimido para ficar completamente anestesiado, de sentir aquela satisfação ao perceber que todos os fantasmas que nos assombravam sumiram, deixando a mente calma e silenciosa. É como se, naquele momento, a realidade não precisasse mais ser enfrentada.

Mas também sei bem como é se sentir vazio por dentro, como se houvesse um buraco que nada ou ninguém pudesse preencher. É uma solidão que dilacera o corpo frágil, a mente conturbada e a alma atormentada.

Sei como é vestir uma armadura ou uma máscara logo ao acordar e seguir uma rotina que nos desgasta, que parece nos definir e que, no fim das contas, vai determinar nosso destino. É uma dor que nos faz sentir como se não fôssemos nós mesmos, como se não soubéssemos quem realmente somos ou qual é o nosso lugar no mundo.

E sei como é desejar que tudo isso acabe, que essa dor que nos enlouquece simplesmente desapareça. Sei como é estar prestes a perder a sanidade. Porque, na verdade, este texto que escrevo para mim mesmo sou eu quem o escreve.

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