Um ser que já morreu.

Essa escuridão que me consome, suga toda evidência de luz que um dia houvera dentro de mim. Vejo apenas um vasto campo de sombra, talvez nem campo, talvez nem sombra. É tudo tão incerto. Vejo-me perdido em quem um dia fui, quem sou, quem um dia irei ser. Vejo-me sem identidade, sem perspectivas, sem ambições. Eu sobrevivo, sem alegria e sem tristeza, sem futuro e sem passado. 

Não conheço senão, a minha própria evidência. A evidência da minha vida, da minha respiração, dos meus passos. Não há saída, tudo que faço, onde quer que eu vá, não deposito importância em nada. Tudo que faço, faço em vão. Nada que procuro é real. Apenas dois olhos abertos, olhando pra frente, percebendo tudo. Sem reter nada para si, um ser sem memória, sem ânimo. Um ser que já morreu.

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