O trem e a vida.
O rancor sem cor que o deixa em um abismo de dor. Apetece a vontade abrupta de se viver, correr e por fim se encolher diante o viver. A arte da vida tem de ser vivida, por mais que ela vá doer, rasgar, cortar, partir e se estilhaçar, a vida tem de ser vivida.
A vida corre como um trem que embarca e desembarca muitas pessoas ao longo de sua jornada, pois é necessário, até mesmo para caber todos neste imenso vagão da vida. Um trem pesado que peita o ar cortante, o frio impertinente, o calor escaldante e se mantém firme diante da vida que é tão aborrecida.
Esse trem chamado de vida, às vezes se faz desgovernado, às vezes se faz vagaroso e às vezes ele para completamente. Esse trem começa seu trajeto como novo, e se desgasta com o passar do tempo, depois de tanto tomar o sereno da noite e sentir o calor do dia e embarcar pessoas que o tanto judia, ele se desgasta.
O trem que chamo de vida, um dia irá se ausentar e irá deixar os trilhos enferrujados, finalmente terá sua paz inconveniente e será afinal livre do rancor sem cor, e deixará o incontestável abismo de dor.
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